quarta-feira, 29 de abril de 2009

Trajetória



E pensando em se perder, ela se achava cada vez mais. Conhecia melhor sua mente, suas reações...

Apreciou assim, a vida e toda a sua essência.

Depois de um mergulho gelado, pôde perceber que entrou jovem nessa imensidão de água, e tempos depois ficou velha com as mãos enrugadas, os olhos avermelhados. Em 30 minutos tudo se transformou, e sua visão pareceu mais clara, mais sábia.

Não precisava sofrer tanto assim, com a palidez que o frio causara, com a ardência nas pálpebras, mas o seu pai dizia que esta era a melhor forma de aprender, porque jamais esqueceria. Precisou escutar um "não", chorar espernear, fazer birra, precisou ser criança antes de ser mulher, antes de se tornar uma fortaleza implacável. Evitou pular as fases da vida, mas sempre foi adiantada, precoce, metida e esperta.
Ela teve a necessidade de um mundo infantil para entender o mundo como um todo. Aquilo que chamamos de “mundo real”.

O que mais me admirava nela era sua força de vontade e sua capacidade de superar os problemas. Não se desgastava por mais de um dia.
O maior defeito era o amor que tinha pelas pessoas. E daí pode pensar "O que há de errado em amar?”. Bom, é melhor nem comentar essa parte.
De modo geral, o fanatismo dela pelos humanos superava todas as paixões que poderiam existir até então. Quanto mais se machucava ao lidar com o "bicho homem" mais se encantava pela complexidade que habitava naquele ser.

Compreensível o porquê de tanta dificuldade. O ser humano nunca foi fácil de entender. Mas ela não era um ET, não mesmo, nada sobrenatural, nada de “outro mundo”. Apenas agia como se fosse (não dê risadas, ok).
Podemos classificá-la como “diferente” apenas. Dessa forma, não seremos injustos, porque se tratava de uma pessoa daquelas que não encontramos em qualquer lugar.
Era única, cheia de mistérios, cheia de sabedoria.
Tinha uma bagagem nas costas, demasiadamente pesada, como se fosse uma centenária.

O seu passatempo preferido era observar a contradição dos vivos, e a ignorância imersa nas conquistas dos mortos.

Ridículo... Ridículo.

10h30min

Daqui às 2h sai o almoço.

Saiu da água, e foi se secar.

Então estava velha e sábia, agora volta ao mundo normal, jovem e indolente.


“Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder.”
Lao-Tsé

3 comentários:

  1. Boe. Tua cara essa imagem (por um momento pensei que fosse um desenho seu, juro) e o texto. Continua escrevendo super bem, como sempre escreveu. =o
    Darei umas passdas aqui no blog. Boa sorte com ele, moça.

    =*

    ResponderExcluir
  2. Man...isso sim é filosofia pura.

    Fumaça branca atrás destas palavras, mas acho que no final das contas só tenho uma conclusão:
    Ainda tenho muuuuito que aprender!

    Besos*

    ResponderExcluir